Nesta sexta-feira (04), a Microsoft completa 50 anos desde sua fundação, e durante uma celebração da companhia, uma funcionária fez um discurso contra a empresa e o uso de inteligência artificial. As palavras foram proferidas por Ibtihal Aboussad, que foi retirada da apresentação.
“Que vergonha! […] Você é um aproveitador de guerra. Pare de usar IA para o genocídio, Mustafa. Pare de usar IA para genocídio em nossa região. Você tem sangue em suas mãos. Toda a Microsoft tem sangue em suas mãos. Como vocês ousam comemorar quando a Microsoft está matando crianças? Que vergonha de todos vocês”, disse Ibtihal.
A reação de Ibtihal Aboussad ocorreu durante a fala do CEO da divisão de IA da Microsoft, Mustafa Suleyman. Aboussad é funcionária da Microsoft na plataforma de IA da empresa há alguns anos, e decidiu expor seu descontentamento com a empresa, na qual ela acusa de ser conivente no massacre de milhões de palestinos durante a guerra com Israel.
Logo após ser retirada da apresentação de 50 anos da Microsoft, Ibtihal escreveu um email e o encaminhou para inúmeros distribuidores, contatos e funcionários da empresa. Aboussad aponta que a Microsoft utilizou seu trabalho para espionar e massacrar o povo palestino, além de reprimir quaisquer tipos de ideias contrárias na organização.
Microsoft Cloud e IA são as bombas e balas do século
Ibtihal era engenheira de software na divisão de inteligência artificial, e diz que começou o cargo entusiasmada para contribuir com o avanço da IA para o bem da humanidade, como produtos de acessibilidade, serviços de tradução e ferramentas para “capacitar cada ser humano e organização para alcançar mais”.
Contudo, a funcionária reporta que a Microsoft tentou silenciar e suprimir divergências dos colegas de trabalho que levantam essas questões. “No último ano e meio, nossa comunidade árabe, palestina e muçulmana na Microsoft foi silenciada, intimidada, assediada e humilhada, com impunidade, pela Microsoft”, explica Aboussad.

Em uma parte específica no email enviado, a engenheira aponta, com tom de ironia, que não sabia que seu trabalho seria “vendido para o exército e governo israelense” para espionar e assassinar jornalistas, médicos, trabalhadores humanitários, e famílias inteiras.
A funcionária indica que toda a infraestrutura da Microsoft, como softwares, serviços de nuvem e consulta, são usados pelas autoridades de Israel para realizar o “genocídio de palestinos”, clamando que a organização lucra com a guerra.
“Minha esperança é que nossas vozes coletivas motivem nossos líderes de IA a fazer o mesmo e corrigir as ações da Microsoft em relação a essas violações de direitos humanos, para evitar um legado manchado. A nuvem e a IA da Microsoft devem deixar de ser as bombas e balas do século XXI”, finaliza Ibtihal Aboussad.
Para mais informações da Microsoft, basta ficar ligado no site do TecMundo.